sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Uma surpresa em forma de tarântula



Assim que o Luso estacionou no navio, regressado do campo hidrotermal Lucky Strike, madrugada adentro, o convés entrou num frenesim. Andavam todos à volta do robô submarino, alguns empoleirados, capacetes e coletes salva-vidas envergados, a confirmar se o veículo chegou em condições do fundo do mar e a retirar as amostras que traz lá em baixo. Bichos, rochas, água e sedimentos: foi tudo para um laboratório, onde os cientistas se apinham num vaivém.
A bióloga Mónica Albuquerque, da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental, é um desses investigadores e, entre os mexilhões, camarões e sedimentos aspirados, deparou-se com algo que nunca tinha visto: um animal que parece uma tarântula em miniatura, tal como pode constatar-se na imagem publicada. Tem uns dois centímetros, duas patas da frente com garras e há duas mais pequenas na zona do abdómen. As patas têm pêlos e filamentos de bactérias.
“Nunca vi um bicho parecido com este. É uma surpresa total”, contou Mónica Albuquerque, que o fotografou à lupa e preservou em álcool. Ela e outra bióloga, Íris Sampaio, do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, consultaram livros à procura de uma resposta. Pelo menos do grupo das aranhas-do-mar parece ser. Os estudos logo dirão se é uma espécie nova para a ciência ou para as fontes hidrotermais.

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