quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Expedição às Selvagens em blogue

A Beatriz Oliveira, do Centro Ciência Viva de Lagos e que participou na expedição científica às ilhas Selvagens em Junho, criou um blogue. Era uma das professoras a bordo, no âmbito de um programa que pretende pôr os professores em contacto com a ciência tal e qual ela se faz. As aventuras da Beatriz, que fez parte da guarnição da caravela "Vera Cruz", podem acompanhar-se aqui: http://profbia-abordo.blogspot.com/

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Até ao fundo do mar... em Estremoz

O Centro Ciência Viva de Estremoz propõe uma viagem ao fundo do mar português, numa exposição permanente com amostras de rochas, sedimentos ou água, todas apanhadas em expedições oceanográficas pela Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC). Mas há mais: os visitantes podem ficar aos comandos de um pequeno robô submarino, o "Rovin dos Mares", fechado num aquário, e tentar apanhar os plásticos que atiramos para os oceanos. O "Rovin dos Mares" representa este tipo de veículos usados no conhecimento dos oceanos, de que é exemplo o "Luso", comprado em 2008 pela EMEPC e que mergulha até seis mil metros. Além da recolha de amostras, o "Luso" tem revelado o mar português através de imagens, também expostas.
Esta viagem permite ainda percorrer, com um "joystick", a topografia dos fundos oceânicos desde Portugal continental até aos Açores e à Madeira. Pode também sentir-se a pressão, literalmente na ponta de um dedo, levantado um prego, como se estivéssemos a 10, 20, 500 e 1000 metros de profundidade. Se a 10 metros é como se segurássemos um burro na palma da mão, a 1000 metros teríamos um elefante. Para testar os efeitos da pressão, os visitantes têm à espera duas bolas de pinguepongue, que podem introduzir numa panela e ver o que acontece a 1900 metros de profundidade...
O que é que o fundo do mar tem a ver com Estremoz? Há 500 milhões de anos, Estremoz, cidade dos mármores, e o Alentejo ficavam debaixo do oceano. Os mármores resultam da deformação dos calcários, devido à pressão e temperatura elevadas, provocadas pela colisão de placas tectónicas. E os calcários formaram-se, por sua vez, no fundo do mar. Como exemplo dos recursos que o mar pode ter, espera-nos uma enorme rocha, apanhada em 2007 numa dragagem no monte submarino Great Meteor, o Sul dos Açores. Tem uma capa negra, rica em cobalto, níquel e ferro, em concentrações muito superiores às normais na crosta terrestre.

Texto publicado no suplemento "Cidades", do jornal "Público", a 12 de Dezembro

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Criado o Passaporte do Mar


Foi lançado o Passaporte do Mar, que permitirá o acesso gratuito a uma série de museus em quatro datas comemorativas dos oceanos em Portugal. Uma dessas datas, o Dia Nacional do Mar, comemorada a 16 de Novembro, é ainda assinalada com o lançamento de outras actividades pela Estrutura de Missão para os Assuntos do Mar (Emam), do Ministério da Defesa Nacional.
Com o mesmo formato do que os passaportes que nos permitem viajar, o Passaporte do Mar pode ser pedido através do “site” da Emam (http://www.emam.com.pt). Com este passaporte na mão, de cor azul, os visitantes terão ainda entrada livre em vários museus no Dia Europeu do Mar (20 de Maio), no Dia Mundial dos Oceanos (8 de Junho) e no Dia Mundial do Mar (25 de Setembro). A lista de museus ligados ao mar encontra-se em preparação, adianta Teresa Rafael, da Emam.
A régua Peixe Certo, outra das iniciativas, irá ficar disponível nos locais de venda de peixe fresco. “Vai permitir aos consumidores ver se o peixe está dentro dos tamanhos mínimos de captura”, diz Teresa Rafael, acrescentando que nos locais de venda de peixe a régua será acompanhada de informação sobre o estatuto de conservação das espécies e as suas propriedades nutritivas. “A ideia é divulgar a régua em massa.”
E, para quem quiser pôr em prática as suas habilidades literárias, a Emam lança o concurso “Um Mar de Contos”. Destinado a jovens entre os 12 e os 17 anos, o concurso, aberto até ao próximo dia 12 de Fevereiro, tem como tema genérico o regresso de Portugal ao mar.

Notícia publicada no "Público" no Dia Nacional do Mar

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Esta lesma-do-mar é movida a energia solar

Fingem ser como as plantas, caso raro entre os animais. Podem ser tão boas ou até melhores do que as algas a usar a luz do Sol na obtenção do seu alimento - como agora descobriu uma equipa de biólogos portugueses. Por Teresa Firmino




Como um vampiro, faz um pequeno furo na alga. Depois, suga-lhe todo o conteúdo celular e passa a comportar-se como uma planta, usando a luz solar para produzir parte do seu alimento. Só que não é uma planta, nem lá perto - é uma lesma-do-mar.
Três biólogos portugueses foram de propósito apanhá-la em dois locais do Mediterrâneo e publicaram um artigo na revista "Journal of Experimental Marine Biology and Ecology" com o que descobriram: ela pode ser mais eficiente na fotossíntese do que as algas que come.
A "Elysia timida", o nome científico desta espécie de lesma-do-mar, foi descrita pela primeira vez no início do século XIX. Faz parte de um grupo designado por lesmas-do-mar movidas a energia solar, que é conhecido há bastante tempo. Quase desde a sua descoberta que se percebeu que têm capacidade de fazer fotossíntese, diz Bruno Jesus, um dos autores do artigo, do Centro de Oceanografia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. "Era estranho serem verdes."
É que esse roubo não é discreto. Quase todas as lesmas-do-mar fotossintéticas, capacidade rara entre os animais, são verdes. Esta cor é-lhe conferida pelas estruturas mais importantes das plantas para a fotossíntese - os cloroplastos. Ou seja, as fábricas de energia das plantas.
Entre as 6000 espécies de lesmas-do-mar descritas até agora em todo o mundo, conhecem-se quase 300 movidas a luz solar, todas a viver em associação com algas verdes que podemos ver com frequência nas praias.
Tal como a alga que come, a "Acetabularia acetabulum", a "Elysia timida" não mora nas costas portuguesas. Vive em profundidades baixinhas e em zonas onde há muita luz. "Bastou andarmos de óculos em apneia que se apanhou bem", conta Bruno Jesus.
Em Portugal continental, também há uma lesma fotossintética, só que de outra espécie (a "Elysia viridis"). Mas a equipa de biólogos - que inclui ainda Patrícia Ventura, do mesmo centro de oceanografia, e Gonçalo Calado, da Universidade Lusófona - elegeu a prima mediterrânica para as suas investigações, porque, entre outros aspectos, os pigmentos fotossintéticos que ela rouba à alga são bastante claros, o que os torna mais fáceis de estudar.

Uma só célula gigante
Enquanto a alga, que é encimada por um chapéu, atinge cinco centímetros de altura, os maiores exemplares da lesma têm apenas um de comprimento. A relação entre as duas ganha contornos ainda mais curiosos quando Bruno Jesus revela que a alga é feita de uma única célula. É dos maiores seres unicelulares.
Portanto, a lesma tem a vida facilitada quando a come: em vez de ter de abrir diversos buracos, para retirar o conteúdo de inúmeras células, só precisa de o fazer uma vez para sugar a parte onde se encontram os cloroplastos. "Como é uma célula gigante, consegue ter acesso a todo o seu conteúdo de uma só vez. Mas não come a alga toda, deixa ficar a parte de fora", explica Bruno Jesus.
Os cloroplastos ingeridos pela lesma passam depois pelo seu tracto digestivo sem serem digeridos e mantêm-se funcionais, qual cleptómana. Roubados assim às algas, podem produzir energia tal como o faziam na alga. Enquanto outros animais desperdiçam os cloroplastos, ela aproveita-os para obter parte do seu alimento. A outra parte é obtida através da digestão do próprio conteúdo celular da alga.
No caso desta lesma, as largas centenas de cloroplastos funcionaram durante várias semanas. As fábricas de energia roubadas vão-se depois degradando, mas, até a lesma acabar por perdê-las, verificou-se que, em situações de excesso de luz, é mais eficiente do que a alga na fotossíntese. Este é o primeiro resultado de um projecto de investigação português, o SymbioSlug, coordenado pelo Instituto Português de Malacologia, que estuda esta curiosa relação entre animais e plantas.
Há uma explicação para tanta eficiência. Quando os cloroplastos das plantas estão sujeitos a condições de grande exposição solar, o rendimento da fotossíntese baixa, porque só contam com mecanismos fisiológicos para se protegerem do excesso de luz. Os cloroplastos roubados, além desta protecção, beneficiam ainda de uns prolongamentos da pele da lesma, que podem abrir-se ou fechar-se consoante a quantidade de luz ambiente. Enrolam-se como um charuto, tapando a parte verde onde estão os cloroplastos com a parte branca do corpo.
A lesma também pode simplesmente fugir das zonas com muita luz. É como usar o melhor de dois mundos: fazer fotossíntese como uma planta e comportar-se como um animal. "É fascinante como um animal pode ser ainda mais eficiente a fazer fotossíntese do que a alga a quem roubou a maquinaria", diz Bruno Jesus.

Barreiras quebradas
Até há pouco tempo, não se sabia como as fábricas de energia das plantas se mantinham em funcionamento dentro das lesmas. "Estes animais conseguem não só pôr os cloroplastos dentro das suas células - o que já é impressionante -, como pô-los a funcionar", sublinha Bruno Jesus. Como é isto possível?
Nas plantas, os cloroplastos estão sob o comando de genes que se encontram no núcleo das células vegetais. Mas, uma vez ingeridos pelas lesmas, como é que são postos a trabalhar?
O mistério foi esclarecido de vez em 2008, por uma equipa norte-americana, que encontrou genes do núcleo celular de uma alga... dentro do núcleo das células de uma lesma-do-mar. Afinal, ao longo da evolução, alguns genes do núcleo celular das algas tinham sido transferidos para o das lesmas. Este tipo de transferência de genes já era conhecido entre bactérias - "mas não entre um animal e uma planta", sublinha Gonçalo Calado. "Isto foi uma grande inovação."
É por esta razão que as lesmas-do-mar são únicas entre os animais, e não por fazerem fotossíntese. Embora seja raro, conhecem-se outros animais fotossintéticos, como certos corais, que vivem associados a uma microalga (também de uma só célula). A diferença é que esses corais introduzem no seu interior a alga inteira, e não apenas as suas fábricas de energia. "O que é único neste grupo de lesmas-do-mar é que apenas incorporam os cloroplastos nas suas células. E, para funcionarem, têm de ter informação vinda do núcleo do animal, pois deixaram de ter o núcleo da alga", frisa Gonçalo Calado. "Isso é que é único."
Compreender como um sistema celular vegetal consegue funcionar dentro de um animal é um dos motivos por que os cientistas se sentem tão fascinados pelas lesmas-do-mar. "Já quebraram muitas das barreiras cognitivas que tínhamos na cabeça", diz Gonçalo Calado.

Artigo publicado no "Público" a 25 de Outubro de 2010, aqui: http://ecosfera.publico.pt/biodiversidade/Details/esta-lesmadomar-e-movida-a-energia-solar_1462604
Foto de Bruno Jesus

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Novas fontes hidrotermais descobertas ao largo dos Açores

Acaba de ser detectado um campo de fontes hidrotermais ao largo dos Açores, por uma equipa internacional de 30 cientistas, incluindo duas biólogas do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores. Ao largo dos Açores, estas emanações de água quente vindas do interior da Terra, repletas de enxofre, metais pesados, dióxido de carbono ou metano, foram descobertas pela primeira vez em 1992, por uma equipa norte-americana — o famoso campo Lucky Strike, a 180 milhas náuticas a sudoeste do Faial, portanto ainda dentro das 200 milhas da zona económica exclusiva (ZEE) portuguesa. Desde então, descobriram-se vários campos na ZEE ou já em águas internacionais.
O novo campo está na ZEE, pois fica a cinco quilómetros de um outro campo bem conhecido, o Menez Gwen, a 140 milhas a sudoeste do Faial.
Foi possível detectá-lo numa missão levada a cabo, no navio alemão "Meteor", desde 6 de Setembro, por investigadores do Centro para as Ciências Ambientais Marinhas, ou Marum, e do Instituto para a Microbiologia Marinha Max Planck, ambos em Bremen, Alemanha. Precisamente porque o Menez Gwen tem sido esquadrinhado há anos por cientistas de todo o mundo, inclusivamente nesta missão, a equipa diz que a descoberta é “extraordinária”, numa nota do Max Planck.
A equipa, que inclui ainda franceses e as biólogas portuguesas Sílvia Lino e, numa primeira parte, Ana Colaço, usou um sondador de múltiplos feixes de som de última geração, que permitiu ver a coluna de água por cima do chão marinho com grande precisão. Os cientistas depararam-se então com uma pluma de bolhas de gás, o que indiciava a presença das fontes lá em baixo, e foram à sua procura com um robô submarino não tripulado.
Encontraram fontes cujas chaminés (que se formam pela acumulação dos materiais trazidos pela água) têm um metro de altura e fauna característica destes ambientes, como mexilhões. A água atinge os 300 graus Celsius.
Entre as várias questões para que se procuram resposta, a chefe da missão, Nicole Dubilier, destacou: “A equipa gostaria de responder por que as fontes desta área emitem tanto metano, um gás de estufa muito potente.”

Notícia no "Público" de 8 de Outubro

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

"Portugal a Quente e Frio" no Plano Nacional de Leitura


Uma bela novidade: "Portugal a Quente e Frio - As Alterações Climáticas no Século XXI", escrito por mim e a Filomena Naves, foi incluído no Plano Nacional de Leitura. É uma das sugestões de leitura autónoma para o ensino secundário (10º, 11º e 12º anos).

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Reportagem nas ilhas selvagens

As ilhas Selvagens e as aves marinhas que nidificam lá, as cagarras, têm uma história fabulosa. Amanhã essa história, que se cruza com a de uma grande expedição científica em Junho para inventariar a biodiversidade marinha, pode ser lida no "Público" em forma de reportagem (na foto, a Selvagem Grande).
Aqui neste endereço: http://ecosfera.publico.pt/biodiversidade/Details/selvagem-grande-a-ilha-das-cagarras_1448269

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Robô submarino Luso funciona sem problemas depois de resgatado

Outra coisa velhinha...

Os sistemas do veículo submarino Luso encontram-se a funcionar sem problemas, disse hoje [7 de Julho] Manuel Pinto de Abreu, o responsável pela Estrutura de Missão e Extensão da Plataforma Continental (EMEPC), que comprou este aparelho não tripulado. Se, no final de todas as verificações, se confirmar que não existem anomalias, o veículo irá mergulhar numa estrutura geológica em forma de ovo estrelado, a sul dos Açores.
Desde ontem que estão em curso várias verificações de segurança, depois de o veículo ter sido recuperado do fundo do mar ao largo das ilhas Selvagens, onde se afundou a 23 de Junho, ao ter-se separado do cabo que o ligava ao navio “Almirante Gago Coutinho” .
“Foi todo desmontado e espera-se levar mais dois dias até fazer as verificações todas", diz Pinto de Abreu.
O que esteve na origem da separação do cabo é que continua a ser um mistério: “Estamos a investigar. Houve a acção de um elemento exterior sobre o ROV [sigla inglesa de veículo operado remotamente]. Não sabemos o que pode ter sido.”
Se os procedimentos de segurança acabarem por não revelar de facto quaisquer problemas, na sexta-feira o Luso deverá seguir a bordo do “Almirante Gago Coutinho”, que já chegou ao Funchal, para a missão que estava programada nesta altura do ano.
Irá mergulhar até a uma estrutura geológica a dois mil metros de profundidade, e cerca de 150 quilómetros a sul dos Açores: com o formato de um ovo estrelado (na imagem em tom de azul, à esquerda). A origem desta formação tem intrigado os cientistas.
A sua forma, relativamente circular, tem seis quilómetros de diâmetro e no centro apresenta uma elevação, como se fosse uma gema de ovo, com três quilómetros de diâmetro.
A estrutura foi descoberta no ano passado, quando as equipas da EMEPC olharam para os dados sobre a morfologia do fundo do mar, recolhidos através de uma sonda com múltiplos feixes sonoros que permite construir mapas de grande resolução do revelo. Detectaram o Ovo Estrelado, como lhe chamaram, e logo foram sendo lançadas hipóteses sobre a sua origem.
Será que é a cratera de impacto de um meteorito? Será que é um vulcão de lama, formações que, em vez de lava, expelem sedimentos finos carregados de metano, como as que existem no golfo de Cádis, ou com outra fonte energética?
A ideia é que o Luso mergulhe aí pela primeira vez, e ajude a desvendar a natureza do Ovo Estrelado. Teresa Firmino

Expedição para inventariar a biodiversidade marinha das ilhas Selvagens

Coisas já um pouco velhinhas, publicadas no "Público":

Chega hoje [10 de Junho] às ilhas Selvagens a maior expedição oceanográfica em Portugal, com a participação de três navios e cerca de 70 investigadores portugueses e estrangeiros. Nos próximos 20 dias, vai ser feito o levantamento exaustivo da vida marinha das ilhas Selvagens, pertencentes ao arquipélago da Madeira.
Levada a cabo pela Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC), grupo técnico-científico do Ministério da Defesa Nacional, a expedição irá centrar-se em três vertentes: mar, linha de costa e terra, pelo que o objectivo é inventariar a fauna, a flora e os habitats marinhos entre os dois mil metros de profundidade e os 100 metros acima do nível do mar, a altitude a que se eleva a Selvagem Grande.
Para tal, a missão conta com os navios “Almirante Gago Coutinho”, “Creoula” e “Vera Cruz”, que é uma réplica das famosas caravelas utilizadas pelos portugueses nos Descobrimentos. Participa ainda o robô submarino “Luso”, operado à distância do navio “Almirante Gago Coutinho”, através de um cabo, e com capacidade para mergulhar até aos seis mil metros de profundidade.
“As ilhas Selvagens são muito conhecidas e estudadas a nível terrestre, mas a sua parte marinha ainda é desconhecida”, sublinhou o director do Parque Natural da Madeira, Paulo Oliveira, à agência Lusa. Para o secretário regional do Ambiente da Madeira, Manuel António Correia, também citado pela Lusa, esta expedição poderá servir para consolidar a candidatura das ilhas Selvagens a património mundial da UNESCO. O processo foi retirado pelo Governo madeirense, refere ainda a Lusa, porque a UNESCO fez saber que faltava informação detalhada correspondente à biodiversidade marinha.
A reformulação do processo está em curso e a expedição, para o secretário regional do Ambiente, veio em boa altura: “Será certamente um instrumento que o Governo regional da Madeira utilizará para repor a candidatura e, a curto prazo, poderemos ter o segundo espaço de património mundial natural, em Portugal, localizado na Madeira.”
A expedição marca ainda o arranque do programa Professores a Bordo, da EMEPC, e que é inédito em Portugal: embarcadas no “Creoula”, duas professoras de biologia e de geologia do ensino secundário e outras duas destacadas nos centros Ciência Viva de Estremoz e Lagos vão participar na ciência que se faz numa campanha oceanográfica, tal como um cientista, para depois transmitir tudo aos alunos. Sem esquecer os enjoos, o trabalho por turnos e a experiência da vida a bordo. Teresa Firmino

terça-feira, 11 de maio de 2010

Professores, bem-vindos a bordo de um navio para as ilhas Selvagens

Os professores de biologia e geologia do ensino secundário têm a possibilidade de participar numa campanha oceanográfica às ilhas Selvagens, durante grande parte de Junho, levada a cabo pela Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC). O prazo para as candidaturas terminou na segunda-feira, 10 de Maio. Enquanto noutros países, como os Estados Unidos, existem programas em que os professores podem embarcar com os cientistas, para ver a ciência tal e qual se faz num navio oceanográfico e transmitir tudo isso aos alunos, em Portugal este tipo de iniciativas é inédito. “Em Portugal, nunca houve campanhas oceanográficas que envolvessem professores do ensino secundário, com o aspecto de leva-los em formação num contexto de ciência real”, sublinha a geóloga Raquel Costa, da EMEPC e coordenadora do programa Professores a Bordo.
No ano passado, a EMEPC lançou o projecto-piloto do programa Professores a Bordo, numa missão às fontes hidrotermais dos Açores, em que participou uma professora de geologia e biologia da Escola Básica e Secundária de Carcavelos. O programa arranca agora, com o lançamento de um concurso (mais informações em http://www.emepc.pt/).
Os dois professores que vierem a ser seleccionados, do ensino público ou privado, embarcarão no navio “Creoula” rumo às ilhas Selvagens, onde estará também o navio “Almirante Gago Coutinho”. O robô submarino Luso, operado à distância e capaz de descer até seis mil metros de profundidade, será uma das estrelas da expedição.
A missão vai ser dedicada à inventariação da fauna e da flora marinhas, tanto em terra firme como até aos dois mil metros de profundidade. Participam cerca de 70 cientistas e estudantes, de instituições de investigação portuguesas e estrangeiras. E os professores terão de vestir a pele de cientistas: “Terão de fazer todo o trabalho que um cientista faz a bordo, só que terão um cientista como tutor, que os ensinará e ajudará durante a campanha.”
Durante a viagem, os professores terão ainda de fazer um diário de bordo, em forma de blogue ou livro. Os enjoos, trabalho por turnos e a experiência da vida a bordo farão com certeza parte da aventura.
Depois do regresso, deverão planear projectos para os alunos, com a colaboração dos cientistas envolvidos na expedição, que utilizem as amostras de seres vivos, rochas e água recolhidos nas Selvagens. “Devem pôr os alunos em contacto com a ciência que se faz no mar”, diz Raquel Costa.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Colorida, viscosa e talvez terapêutica


Da ilha do Faial chegou uma surpresa: o Porto da Horta está pejado de uma lesma-do-mar, onde se isolou uma molécula nova. Os primeiros testes indicam que tem propriedades farmacêuticas. Se daqui surgir uma patente, as populações locais deveriam receber parte dos benefícios? Há uma discussão em curso sobre isto a nível mundial.

Teresa Firmino

Parece feita de veludo e, só de a ver em fotografias, apetece tocar-lhe para confirmar se é macia. E as suas cores, um azul e um verde vistosos, são um aviso aos predadores, como se gritasse aos quatro ventos para não a comerem, que é tóxica. O aviso é a sério: a “Tambja ceutae” é uma lesma-do-mar que acumula uma molécula tóxica, agora descoberta, para defesa própria.
A espécie já é conhecida há mais de 20 anos: com cerca de 2,5 centímetros de comprimento, foi encontrada pela primeira vez em 1988 em Ceuta, daí o nome científico que lhe atribuíram. Tanto em Ceuta, como Marrocos, Sul de Espanha, Canárias, Cabo Verde, Madeira e Açores, os locais onde entretanto tem sido observada, nunca primou pela abundância.
Mas em Agosto de 2007 as coisas mudaram: numa campanha internacional de estudo das lesmas-do-mar do Atlântico, que incluiu o biólogo português Gonçalo Calado e que passou por locais como as Bermudas ou o Brasil, os cientistas mergulharam numa zona mesmo à mão de semear e deram de caras com ela. Estava colada à ilha do Faial, a pouca profundidade.
“Encontrámos muitos exemplares dentro do Porto da Horta. Apanhámos algumas dezenas, entre meio metro e dois metros de profundidade. Foi fantástico”, conta Gonçalo Calado, professor da Universidade Lusófona e investigador do Instituto Português de Malacologia.
Por que é que há ali tantas “Tambja ceutae”? A resposta encontra-se no que lhe serve de alimento. Ela come um briozoário, animal que vive agarrado ao fundo por um pé (parece um raminho) e que se alimenta de partículas que filtra da água. Ora esse briozoário, da espécie “Bugula dentata”, existe em grande quantidade nas paredes do Porto da Horta. “E ela cresce e multiplica-se lá. Facilmente se localizam centenas de exemplares.”
Nessa campanha, também a observaram no mar, entre as ilhas do Faial e do Pico – mas em menor quantidade, porque o briozoário é aí mais escasso.
Os exemplares recolhidos foram congelados e encaminhados para um laboratório em Itália, para uma série de estudos. “Só agora foi possível obtê-la em quantidade suficiente para os estudos químicos”, explica Gonçalo Calado.

Guerra química contra o cancro

Os especialistas de lesmas-do-mar (ou nudibrânquios, como lhes chamam) sabem que este grupo de animais foi desenvolvendo a capacidade de fabrico ou de acumulação de substâncias químicas que afastam, ou até matam, os predadores. Não têm concha, o que à partida é uma desvantagem, mas arranjaram outros meios de protecção – avançaram para a guerra química. E a coloração chamativa do corpo, associada às armas químicas que desenvolveram, funciona como um aviso aos potenciais predadores. Cores vivas costumam ser sinónimo de lesmas tóxicas, mas também as há imitadoras: embora sejam comestíveis pelos predadores, protegem-se atrás da cópia das cores vistosas de outras espécies, essas sim indigestas.
Para os seres humanos, as armas químicas das lesmas-do-mar podem revelar-se valiosas. Vários estudos têm demonstrado que são detentoras de moléculas raras na natureza, que podem ter também interesse farmacêutico. Por exemplo, a empresa PharmaMar, em Madrid, tem estado a testar moléculas oriundas de lesmas-do-mar contra o cancro. A ideia não é apanhá-las até à exaustão para extrair as suas moléculas; antes é inspirar-se nessas moléculas para as fabricar em laboratório.
Os resultados dos estudos químicos da “Tambja ceutae” foram apresentados na revista científica “Bioorganic & Medicinal Chemistry Letters”, num artigo publicado em Fevereiro e que o Instituto Português de Malacologia divulgou este mês em comunicado de imprensa: a equipa isolou uma nova molécula e ela apresenta propriedades antitumorais.
A nova molécula chama-se tambjamina K. Como se depreende pela letra, é a 11ª molécula desse grupo, que recebeu este nome porque as tambjaminas foram isoladas pela primeira vez em lesmas-do-mar do género “Tambja” (de uma espécie diferente da estudada agora). As tambjaminas também estão presentes em bactérias e noutros invertebrados marinhos, como os briozoários.
Aliás, a “Tambja ceutae” deve adquirir a molécula através da comida. “Foi detectada em pequenas quantidades no briozoário. Muito provavelmente, é o briozoário que a produz e a lesma-do-mar, ao comê-lo, guarda a molécula para a sua própria defesa”, diz Gonçalo Calado, um dos autores do artigo científico.
Os testes, ainda muito preliminares, revelaram que a tambjamina K possuem actividade contra células humanas cancerosas do cólon, do útero e do cérebro, por exemplo. Dependendo da concentração, a molécula exibiu uma actividade tóxica notável tanto em células tumorais como em células não tumorais de mamíferos, concluiu a equipa no artigo, acrescentando que a tambjamina K impediu a proliferação de todas as linhas celulares testadas.
Uma patente em vista? “A molécula é promissora, mas ainda não está em fase de ser patenteada. Ainda está longe de uma patente”, responde Gonçalo Calado. Antes de mais, é preciso encontrar grupos científicos que se interessem pela molécula, nomeadamente em empresas farmacêuticas, e que avancem com uma bateria de testes mais específicos. Mas desta história pode tirar-se uma lição: “O mar como fonte de substâncias naturais para uso humano ainda nos traz muitas surpresas, mesmo quando olhamos para espécies relativamente comuns e em áreas muito humanizadas, como é o caso do Porto da Horta”, sublinha o biólogo. “Quem diria que no Porto da Horta existia uma espécie com uma molécula nova, que é promissora em termos de algum tipo de tratamento?”

Como partilhar os benefícios?

Esta lesma-do-mar pode também ser ilustrativa de um debate em curso entre os 193 países que ratificaram a Convenção da Diversidade Biológica das Nações Unidas, em vigor deste 1993. Além da conservação e do uso sustentável da biodiversidade, esta convenção defende a partilha equitativa dos benefícios comerciais resultantes da utilização de recursos genéticos.
Os países têm estado a preparar o rascunho de um protocolo, que vão discutir em Outubro, em Nagóia, no Japão: o objectivo é chegar-se a um acordo vinculativo sobre o acesso e a partilha dos benefícios de recursos genéticos. Como devem ser partilhados os benefícios do desenvolvimento de uma molécula (cujo fabrico é comandado por genes, em última análise)? Só a empresa que investiu deve ter direito a eles? Ou também devem ser partilhados pelas populações locais onde essa molécula foi encontrada? E ainda pela humanidade?
A discussão promete aquecer e, enquanto não soubermos o que resultará da conferência de Nagóia, desvende-se se o aspecto da “Tambja ceutae” é como parece, fofo e quase almofadado. Pois não é. “Tem um muco à volta. É viscosa.”

Texto publicado hoje no suplemento especial do "Público" dedicado ao Dia da Terra
A fotografia foi cedida por Ricardo Cordeiro, biólogo da Universidade dos Açores

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Descobertas as fontes hidrotermais mais profundas no oceano

Uma missão britânica descobriu as fontes hidrotermais mais profundas de que há conhecimento: situam-se a cinco mil metros, no mar das Caraíbas, na Fossa das Caimã. Neste caso, as emanações de água muito quente, vinda do interior da crosta terrestre, são negras.
As fontes hidrotermais em profundidade, no oceano, foram localizadas pela primeira vez em 1976, no Pacífico, e revelaram a existência de formas de vida inesperadas. Em redor destas fontes, cuja água pode ultrapassar os 300 graus Celsius, a vida é abundante, apesar de a luz solar não chegar ali.
A vida ali é independente da luz solar e da fotossíntese. Na base da cadeia alimentar estão, por exemplo, bactérias resistentes ao calor: elas extraem das fontes elementos químicos que constituem os seus nutrientes e vão, por sua vez, servir de alimento a outros seres vivos. Além de bactérias, nas chaminés hidrotermais acumulam-se metais, como cobre, ferro ou ouro.
Nas águas dos Açores também se descobriram campos de fontes hidrotermais – o primeiro foi o Lucky Strike, em 1992. Foi descoberto por uma equipa norte-americana a 1700 metros de profundidade.
Agora, a missão liderada pelo Centro Nacional de Oceanografia de Southampton encontrou as fontes mais profundas até ao momento, na Fossa das Caimã, que fica entre as ilhas com esse nome e a Jamaica. A descoberta foi possível graças à utilização de dois robôs submarinos.
Primeiro, a equipa utilizou o veículo Autosub6000, capaz de viajar de forma autónoma (sem estar ligado por cabo a um navio) até 6000 metros de profundidade, e permitiu cartografar o fundo do mar com grande pormenor. Depois, o HyBIS entrou em cena, operado à distância no navio britânico “James Cook”, através de um cabo, e com as suas câmaras de alta definição obtiveram-se imagens de qualidade das fontes hidrotermais de fluidos negros.
Os cientistas encontraram ainda acumulações de cobre e ferro a forrar as chaminés hidrotermais. “Foi como vaguear na superfície de outro planeta”, disse o geólogo Bramley Murton, um dos líderes da equipa e o piloto do HyBIS no mergulho da descoberta, citado num comunicado do centro de oceanografia britânico. “Nunca tinha visto nada assim: os matizes do arco-íris nos minerais e os azuis fluorescentes nos tapetes microbianos que os cobriam.”

Notícia publicada hoje no "site" do jornal "Público"

sexta-feira, 19 de março de 2010

Portugal vai explicar nas Nações Unidas proposta para a plataforma continental

Portugal vai fazer a primeira apresentação técnica da sua proposta de extensão da plataforma continental a 13 de Abril, nas Nações Unidas, em Nova Iorque – anunciou Manuel Pinto de Abreu, responsável pela Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental, numa sessão de apresentação do projecto com o secretário de Estado da Defesa e dos Assuntos do Mar, Marcos Perestrello.
Entregue em Maio do ano passado, a proposta vai agora ser explicada do ponto de vista jurídico e científico na Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC). “Entregámos um conjunto de cinco caixotes, que ainda hoje estão fechados nas Nações Unidas”, disse Pinto de Abreu, na quinta-feira.
Este é o pontapé de saída de um processo que demorará vários anos (poderá estar concluído por volta de 2015) e no qual Portugal defende que, para lá das 200 milhas náuticas da Zona Económica Exclusiva (ZEE), a sua soberania sobre o fundo do mar seja alargada em 2,15 milhões de quilómetros quadrados. “Não corresponde a um alargamento da ZEE. É uma extensão dos direitos de soberania aos recursos do solo e subsolo marinhos além das 200 milhas.”
Até agora, foram apresentadas pelos países 51 propostas de extensão da plataforma, indo a avaliação na 16ª. A proposta portuguesa foi a 44ª e será apreciada por uma subcomissão da CLPC, que deverá ser nomeada em 2013 (antes, em 2012, terão de ser eleitos os novos membros da própria CLPC).

Notícia publicada ontem no "site" do "Público"

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Orçamento do Estado contempla programa para o mar

Para o Ministério da Ciência, o Orçamento do Estado de 2010 traz uma novidade relativa à investigação do mar: está de regresso o Programa Dinamizador para as Ciências e Tecnologias do Mar, anunciado pela primeira vez em 1998, pelo então, como agora, ministro da Ciência Mariano Gago. Entre 2000 e 2004, este programa financiou 29 projectos, no valor de nove milhões de euros.
Desta vez, anuncia-se que o programa será mais virado para a investigação do mar profundo e as áreas de maior impacto económico e oportunidade científica, como a biotecnologia, os recursos vivos, a orla costeira, a geologia, a energia e o clima.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Lançado o embrião de uma organização europeia de vigilância marítima

Notícia públicada no "site" do "Público" sobre projecto europeu de vigilância do mar:

Foi lançado no dia 15 deste mês, em Paris, o que pode vir a ser o embrião de uma organização de vigilância marítima na União Europeia. Trata-se do projecto BluemassMed, cujo objectivo é a cooperação e a partilha de informação entre os Estados costeiros do Mediterrâneo e dos seus vizinhos do Atlântico. Portugal faz parte do projecto, tal como França, Itália, Espanha, Grécia e Malta.
Co-financiado pela Comissão Europeia com 3,6 milhões de euros, entrando depois cada país com um montante à volta de 250 mil euros, a ideia é desenvolver uma base de dados que permita a partilha de informação, entre diversos países, relacionada com a vigilância marítima.
“Em cada país que faz parte do projecto já existem sistema de vigilância marítima. Este projecto pretende criar um sistema que integre todos os sistemas”, explica Manuel Pinto de Abreu, o responsável pela Estrutura de Missão os Assuntos do Mar, que coordena a participação portuguesa no BluemassMed.
Além de melhorar a partilha dos dados já coligidos, o projecto apresentará soluções tecnológicas para compatibilizar os diversos sistemas de base informática e fará ainda o levantamento do quadro legislativo relativo à troca de informação, para que possa ser legal.
Exemplos dos dados que podem contar num sistema europeu de vigilância do mar? Pinto de Abreu lembra que acidentes como o do petroleiro “Prestige”, em 2002, ao largo da costa da Galiza, provocando uma catástrofe ecológica, podem passar a ser acompanhados a par e passo. “Todos os países passariam a ter a mesma informação relativa ao ‘Prestige’ e ter conhecimento da sua situação”, diz Pinto de Abreu. Outro tipo de dados que podem ser partilhados inclui a natureza das cargas transportadas, o tráfego de mercadorias, a imigração ilegal ou as pescas.
Neste momento, não existe uma organização europeia de vigilância marítima, pelo que este projecto-piloto poderá vir a lançar os alicerces dessa instituição, acrescenta o responsável português.
Coordenado pela França, o projecto conta ainda do lado português a participação de diversas entidades, como a Marinha, a Força Aérea, a Guarda Nacional Republicana, a Polícia Judiciária, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, o Sistema de Segurança Interna, o Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos ou a Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Uma casa nova para o DOP



O Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores, na cidade da Horta, Faial, tem uma casa nova (na imagem).
Agora no antigo hospital Walter Bensaúde, as novas instalações do DOP foram inauguradas a 8 de Janeiro e envolveram um investimento de 6,2 milhões de euros. Vão albergar cerca de uma centena de pessoas, incluindo 28 doutorandos, a trabalhar em vários projectos de investigação do mar.
“É um salto qualitativo muito importante, temos uma grande expectativa”, declarou o director do DOP, o etólogo marinho Ricardo Serrão Santos, citado pela agência Lusa, acrescentando que esta mudança permitirá uma aposta maior no ensino e na pós-graduação. “Há mais de 20 anos que estamos a trabalhar em instalações provisórias, com laboratórios que funcionam em pré-fabricados.”
Na inauguração, o ministro da Ciência, José Mariano Gago, aproveitou para anunciar o lançamento de um projecto nacional de ciências do mar profundo, especialmente vocacionado para a investigação dos recursos biológicos e minerais.
“O potencial das profundezas é tal que justifica um programa específico desta natureza”, disse Mariano Gago, citado também pela Lusa. Para o ministro, este programa será um primeiro passo para que o país aproveite os recursos biológicos e minerais que estão escondidos nas profundezas do Atlântico.
Pormenores sobre o programa não foram, no entanto, ainda adiantados. Que dinheiro terá? Por quanto tempo? Ou quando começa?