terça-feira, 11 de maio de 2010

Professores, bem-vindos a bordo de um navio para as ilhas Selvagens

Os professores de biologia e geologia do ensino secundário têm a possibilidade de participar numa campanha oceanográfica às ilhas Selvagens, durante grande parte de Junho, levada a cabo pela Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC). O prazo para as candidaturas terminou na segunda-feira, 10 de Maio. Enquanto noutros países, como os Estados Unidos, existem programas em que os professores podem embarcar com os cientistas, para ver a ciência tal e qual se faz num navio oceanográfico e transmitir tudo isso aos alunos, em Portugal este tipo de iniciativas é inédito. “Em Portugal, nunca houve campanhas oceanográficas que envolvessem professores do ensino secundário, com o aspecto de leva-los em formação num contexto de ciência real”, sublinha a geóloga Raquel Costa, da EMEPC e coordenadora do programa Professores a Bordo.
No ano passado, a EMEPC lançou o projecto-piloto do programa Professores a Bordo, numa missão às fontes hidrotermais dos Açores, em que participou uma professora de geologia e biologia da Escola Básica e Secundária de Carcavelos. O programa arranca agora, com o lançamento de um concurso (mais informações em http://www.emepc.pt/).
Os dois professores que vierem a ser seleccionados, do ensino público ou privado, embarcarão no navio “Creoula” rumo às ilhas Selvagens, onde estará também o navio “Almirante Gago Coutinho”. O robô submarino Luso, operado à distância e capaz de descer até seis mil metros de profundidade, será uma das estrelas da expedição.
A missão vai ser dedicada à inventariação da fauna e da flora marinhas, tanto em terra firme como até aos dois mil metros de profundidade. Participam cerca de 70 cientistas e estudantes, de instituições de investigação portuguesas e estrangeiras. E os professores terão de vestir a pele de cientistas: “Terão de fazer todo o trabalho que um cientista faz a bordo, só que terão um cientista como tutor, que os ensinará e ajudará durante a campanha.”
Durante a viagem, os professores terão ainda de fazer um diário de bordo, em forma de blogue ou livro. Os enjoos, trabalho por turnos e a experiência da vida a bordo farão com certeza parte da aventura.
Depois do regresso, deverão planear projectos para os alunos, com a colaboração dos cientistas envolvidos na expedição, que utilizem as amostras de seres vivos, rochas e água recolhidos nas Selvagens. “Devem pôr os alunos em contacto com a ciência que se faz no mar”, diz Raquel Costa.