quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Um castelo e um penico entre a Terceira e São Miguel

Azul Profundo é um blogue que acompanha um cruzeiro científico do robô submarino português Luso ao mar dos Açores. Em vez de robô submarino, os cientistas chamam-lhe apenas ROV, a sigla inglesa de veículo operado remotamente, uma vez que é controlado à distância, através de um cabo ligado a um navio.
O cruzeiro é da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC), um grupo científico incumbido pelo Ministério da Defesa de alargar o solo e o subsolo português para lá das 200 milhas naúticas em torno de Portugal continental e das ilhas.
Estamos a bordo do navio oceanográfico "Almirante Gago Coutinho", da Marinha portuguesa, que estava atracado no cais militar da Praia da Vitória, na ilha Terceira. Acaba de sair para o mar, para mais uma parte desta missão, que começou a 7 de Setembro e acabará 26 de Outubro. Mas agora também estamos a bordo, com geólogos, biólogos, engenheiros e uma professora do ensino básico e secundário, Helena Matias, que relatará a expedição igualmente num blogue (http://www.expedicaoacores.wordpress.com/).
Vamos em direcção ao Banco D. João de Castro, um vulcão submarino entre as ilhas Terceira e São Miguel. “É um vulcão com quatro torres e uma caldeira no meio. Parece um castelo”, descreve o geólogo Nuno Lourenço, da EMEPC e chefe da missão.
O ponto mais alto do Banco D. João de Castro fica a 12 metros de profundidade, mas houve tempos em que foi uma ilha. Uma erupção elevou-o uns 90 metros fora de água. O objectivo é cartografar o banco, com uma sonda multifeixe, para daí elaborar mapa do fundo do mar com grande resolução.
Pouco depois, o navio seguirá para a bacia Hirondelle, também entre a Terceira e São Miguel. É uma zona com cerca de 3300 metros de profundidade. Nuno Lourenço diz que é como um penico. Aí, o ROV deverá mergulhar e a recolha de amostras de rochas, com os seus braços manipuladores, é a prioridade. As rochas destinam-se a análises para o projecto de extensão da plataforma continental.
Saímos do cais há cerca de uma hora, o balanço do navio, ora para cá, ora para lá, já começa a dar os primeiros sinais no estômago. Esta quarta-feira vai ser difícil.

1 comentário:

Luis Branco disse...

como te percebo!!

tenho, no mar, o mesmo problema. estou a acompanhar a missão do NRP Gago Coutinho para a Antena 1 mas, sem embarque. caso tenhas inf. que quiras repartir, agradeço. um bj
luis.branco@rtp.pt