quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Menez Gwen, o monte branco do Atlântico



Partimos segunda-feira à tarde de Ponta Delgada, chegámos hoje de manhã (quarta-feira) ao Menez Gwen. A 140 milhas a sudoeste do Faial, este campo hidrotermal (descoberto em 1994) encontra-se por baixo dos nossos pés, a 850 metros de profundidade.
Lá em baixo, as fontes hidrotermais estão no meio de um vulcão que se abriu (zonas a encarnado no mapa), ao ser partido por uma zona de fractura na crosta terrestre, explica António Calado, da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental, enquanto acaba de preparar o mapa para publicarmos aqui. Nessa zona, formou-se crosta terrestre nova. Mais tarde, voltou a haver actividade e, no meio do vulcão que se abriu, nasceu um outro, mais pequenino (monte com topo encarnado): é onde estão as fontes hidrotermais de Menez Gwen, com cerca de cinco metros de altura, por onde sai água a 280 graus Celsius. Encontram-se assinaladas com pontinhos brancos no mapa.
Mas o tempo está a trocar as voltas à missão. Ondas de mais de três metros, vento entre 30 a 40 quilómetros por hora. O navio “Almirante Gago Coutinho” parece balançar ainda mais hoje. Por vezes, as ondas entram convés adentro. Para alguns, os enjoos voltaram.
Portanto, navegamos por cima do Menez Gwen, andamos às voltas, para cima, para baixo, à espera que o tempo melhore. Com estas condições, o robô submarino português não pode entrar no mar e descer ao Menez Gwen, que em língua bretã significa “monte branco”. O nome foi inspirado no facto de o fundo do mar neste campo ser branco, devido à presença de sulfatos de bário e cálcio.
Mexilhões (da espécie “Bathymodiolus azoricus”) gostam de colonizar as chaminés das fontes hidrotermais dos Açores, Menez Gwen incluído. Não existem noutra parte do mundo. Os camarões também gostam deste ambiente tóxico, alimentando-se de bactérias. Se está a pensar vê-los no prato, esqueça. Estão carregados de substâncias tóxicas.

4 comentários:

nuno disse...

não querendo ser "o chato", mas estás a cair no erro repetido vezes sem conta pelo Público. Os nomes científicos escrevem-se em itálico ou sublinhados, nunca entre aspas.


e aproveito para colocar uma questão,
está alguém aí convosco para recolher amostras biológicas do Menez Gwen?

A ilha dentro de mim disse...

Ninguém disse que o mar dos Açores era fácil. Beleza e profundidade juntas trazem sempre alguns inconvenientes... Mas, no final, decerto valerá a pena. Para mim já valeu a pena ter descoberto este blogue. Já escrevi muito sobre as hidrotermais dos Açores, mas ao ler estes relatos sinto-me também um pouco nessa viagem.
Saudações do Tejo,
Lídia Bulcão

Carlos Faria disse...

gostei da imagem tridimensional, por permitir perceber melhor como é este vulcão... o resto das informações geológicas pode ser que mais alguém a informe para colocar aqui ou hei-de aguardar pelas publicações que certamente surgirão nas revistas de especialidade.
Já agora, não há ninguém do departamento de geociências da universidade dos açores convosco?

Paulo disse...

Por que razão os nomes destes territórios submarinos reivindicados por Portugal não são em português?