segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Até ao fundo do mar... em Estremoz

O Centro Ciência Viva de Estremoz propõe uma viagem ao fundo do mar português, numa exposição permanente com amostras de rochas, sedimentos ou água, todas apanhadas em expedições oceanográficas pela Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC). Mas há mais: os visitantes podem ficar aos comandos de um pequeno robô submarino, o "Rovin dos Mares", fechado num aquário, e tentar apanhar os plásticos que atiramos para os oceanos. O "Rovin dos Mares" representa este tipo de veículos usados no conhecimento dos oceanos, de que é exemplo o "Luso", comprado em 2008 pela EMEPC e que mergulha até seis mil metros. Além da recolha de amostras, o "Luso" tem revelado o mar português através de imagens, também expostas.
Esta viagem permite ainda percorrer, com um "joystick", a topografia dos fundos oceânicos desde Portugal continental até aos Açores e à Madeira. Pode também sentir-se a pressão, literalmente na ponta de um dedo, levantado um prego, como se estivéssemos a 10, 20, 500 e 1000 metros de profundidade. Se a 10 metros é como se segurássemos um burro na palma da mão, a 1000 metros teríamos um elefante. Para testar os efeitos da pressão, os visitantes têm à espera duas bolas de pinguepongue, que podem introduzir numa panela e ver o que acontece a 1900 metros de profundidade...
O que é que o fundo do mar tem a ver com Estremoz? Há 500 milhões de anos, Estremoz, cidade dos mármores, e o Alentejo ficavam debaixo do oceano. Os mármores resultam da deformação dos calcários, devido à pressão e temperatura elevadas, provocadas pela colisão de placas tectónicas. E os calcários formaram-se, por sua vez, no fundo do mar. Como exemplo dos recursos que o mar pode ter, espera-nos uma enorme rocha, apanhada em 2007 numa dragagem no monte submarino Great Meteor, o Sul dos Açores. Tem uma capa negra, rica em cobalto, níquel e ferro, em concentrações muito superiores às normais na crosta terrestre.

Texto publicado no suplemento "Cidades", do jornal "Público", a 12 de Dezembro

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