quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Professores, bem-vindos a bordo



Helena Matias foi a primeira Professora a Bordo. Foi parar a este programa, lançado pela Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC), por mero acaso. Aos 35 anos, esta professora de geologia e biologia na Escola Básica e Secundária de Carcavelos assistiu a uma reunião de divulgação sobre o programa Kit do Mar e lá encontrou a geóloga Raquel Costa, da EMEPC, que lhe falou do novo programa Professores a Bordo.
Pouco tempo depois, era o início de uma aventura, que a levou a bordo do navio “Almirante Gago Coutinho”: de 5 a 19 de Outubro, pôde conviver diariamente com cientistas durante uma campanha oceanográfica da EMEPC e do robô Luso ao mar dos Açores e viver tudo o que se passava a bordo, enjoos incluídos.
Tal como o Kit do Mar – que começou no concelho de Cascais e está a alargar-se a todo o país, destinado a alunos do 2º e 3º ciclos –, a ideia é sensibilizar os mais novos para as ciências e assuntos do mar. No caso do Kit (lançado pela agência municipal Cascais Atlântico, a Estrutura de Missão para os Assuntos do Mar e a EMEPC), as escolas recebem um manual de professor para a Área de Projecto, fichas temáticas, brochuras informativas, um guia do litoral e um roteiro do mar.
Com o programa Professores a Bordo, iniciativa da EMEPC, o objectivo é pôr um professor a ver a ciência tal e qual se faz num navio e transmitir tudo isso aos alunos, contribuindo para o tão propalado regresso de Portugal ao mar.
Era a primeira vez de Helena Matias estava embarcada e, diga-se, suportou bem os enjoos, com a ajuda dos benditos comprimidos. Era vê-la grande parte do tempo sentada em frente ao computador portátil a actualizar o blogue que criou de propósito para acompanhar a missão (http://expedicaoacores.wordpress.com/). Os seus alunos e colegas professores podiam ir sabendo o que se passava a bordo. Não faltaram imagens da vida a bordo. “Eles podem perceber como funciona a ciência num navio de investigação”, dizia.
Também pôs as mãos na massa, por assim dizer, ajudando no trabalho científico. Era vê-la então de capacete e colete salva-vidas no convés, de roda do robô submarino, quando chegava do fundo do mar. Helena Matias ajudava a retirar as amostras de águas recolhidas, por exemplo.
A partir desta vivência no terreno, vão agora ser criados planos de aulas. Os alunos poderão também trabalhar algumas das amostras apanhadas na missão, como rochas, que Helena Matias trouxe consigo. E, já este mês, ela vai contar a sua experiência no Museu do Mar, em Cascais: será nos dias 16 (às 10h) e 18 (às 14h).
O fim da campanha oceanográfica significou o ponto final no blogue da professora. Para o ano, a experiência repete-se? Sim, responde Raquel Costa, coordenadora do programa Professores a Bordo. Em vez ser por convite, como este ano, haverá um concurso destinado preferencialmente aos professores do ensino secundário.

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